Bolsonaro está conseguindo vencer o braço de ferro com a imprensa tradicional nesses primeiros dias após a sua vitória. A capa de hoje da Folha de S.Paulo é o recibo mais claro e evidente dessa postura covarde. Mas há outros indícios.
Ontem Bolsonaro foi ao Jornal Nacional para dizer não só à Folha como também para a Globo que os veículos que viessem a fazer jornalismo crítico ao seu governo não irão ter verba publicitária e ainda sentirão o peso da lei.
Se fossem Dilma e Lula a dizer isso, hoje este seria o assunto de todos as rádios, jornais, TVs e geraria uma quantidade imensa de notas de associações de imprensa nacionais e internacionais.
Ontem, Bonner sequer teve a coragem de dizer a Bolsonaro que essa sua reação era anti-democrática e ilegal. Que o governo federal tem obrigação de adotar a mídia técnica na distribuição de recursos.
Bonner se limitou apenas a fazer considerações positivas acerca da Folha, mas quase que pedindo desculpas a Bolsonaro por não concordar com ele.
Aquele editor do JN de garras afiadas e que não deixava os candidatos a presidente sequer responderem questões se escondeu debaixo da mesa. Sobrou um guaguejante apresentador que rapidamente entregou a palavra a Renata Vasconcellos, quase que pedindo socorro para que ela o salvasse da saia-justa.
Bolsonaro além de ameaçar a Folha disse que o jornal fez fake news no caso da sua funcionária da Câmara que trabalhava vendendo açaí enquanto deveria estar no serviço público. Nada de Bonner falar.
Mas o mais bizarro foi a Folha dar uma nota dizendo que Bolsonaro se enganou em relação ao episódio. Bolsonaro não se enganou pipoca nenhuma. Ele mentiu de forma deliberada. Mas a Folha preferiu ficar pianinho.
Hoje quem esperava um editorial duro do veículo na sua capa por ter sido ameaçado pelo futuro presidente, se decepcionou de novo. A manchete principal ficou para a previdência. E a nota sobre o ataque mereceu pequeno destaque.
A capitulação da Globo e da Folha são sinais claros de que há medo dessas empresas do que possa vir a acontecer com suas empresas com Bolsonaro no poder.
Acontece que além dessas ameaças aos principais grupos de comunicação do país, Bolsonaro e seus principais aliados também estão ameaçando movimentos sociais, adversários políticos, professores de universidades, artistas, jornalistas etc.
Se os grandes se calam e se acovardam os pequenos fazem o quê? Globo e Folha podem ter com suas reações tímidas aberto o caminho para a ditadura de Bolsonaro.
Ainda é cedo para cravar isso. Mas os sinais e a reação de ontem e hoje são absolutamente preocupantes, porque imperou a covardia e o bundamolismo.
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